terça-feira, 4 de setembro de 2012

Medicamentos

Se existe exemplo de indústria onde cada vez mais os consumidores se sentem insatisfeitos, é a indústria farmacêutica.

A indústria farmacêutica enquanto deu, tratava os seus consumidores nas palminhas.

Os famosos delegados de informação médica (DIM) eram pagos a preço de ouro para venderem medicamentos a médicos e farmácias que, na teoria, tinham obrigação de saber mais do que eles. Para além do ordenado chorudo, as empresas farmacêuticas ainda pagavam aos seus DIMs davam-lhes carro, gasolina, ajudas de custos. Tudo e mais um par de botas para que eles tivessem toda a pujança necessária para conseguirem colocar um médico a prescrever o medicamento dessa farmacêutica. Os médicos por sua vez prescreviam esse medicamento aos seus pacientes e, por último estes aviavam-nos na farmácia.

Agora que o país está em crise, a indústria farmacêutica esquece todos os seus consumidores e olha apenas para o seu umbigo, nem que para isso seja preciso mandar os ditos DIMs em visita aos hospitais e clínicas, para informarem os médicos que já não vão vender os medicamentos X, Y, Z. Situação esta que se torna muitas vezes melindorsa, pois existem doentes com determinadas patologias que só respondem a determinadas terapêuticas que calham a não existir mais em Portugal.

Mais, este facto funcionará como uma das razões para se deixar de praticar a medicina activa. Isto porque, por norma, os medicamentos que não são descontinuados são aqueles que possuem na sua composição todos os igredientes e mais alguns e não só apenas os necessários para o tratamento da patologia. Por exemplo, um paciente que vá ao médico para tratar um problema de pele e que necessite que o médico lhe receite um medicamento com ácido salicílico e zinco, não terá sorte. Isto porque o médico só lhe poderá receitar um medicamento com ácido salicílioc, zinco e cortizona porque são os únicos existentes no mercado. Porquê? Porque são os únicos que dão margens de lucro mais elevadas às empresas farmacêuticas.

Ora se esta realidade se mantiver, deixará de haver (ainda mais) a tal medicina de proximidade, porque vamos ao médico não para sermos receitados com o medicamento que precisamos, mas sim com aquele que existe no mercado, porque as farmacêuticas assim o querem.

Mas como se isto não bastasse, ainda temos o exportação e as rupturas de stock nas farmácias, algo que é ilegal.

A exportação de medicamentos carece de uma autorização expressa do Infarmed, por forma a garantir primeiro a existência de um número mínimo de embalagens disponíveis nas farmácias para responder às necessidades dos utentes. Mas o que muitas vezes acaba por acontecer é que a indústria fornece os distribuidores de acordo com o pedido das farmácias, mas depois estes acabam por vendê-los a outros países onde o preço dos remédios é mais caro, por exemplo à Alemanha. Desta forma obtêm margens de lucro superiores e deixam as farmácias nacionais sem embalagens para satisfazer a procura dos utentes.

É aqui que reside a ilegalidade, que prejudica todo o ciclo de consumidores. Isto admitindo que a indústria cumpre todos os requisitos para a exportação de medicamentos.

Toda esta indústria, onde os pacientes que são so principais consumidores são os doentes, são aqueles que saem mais prejudicados. É um exemplo cabal em que as necessidades dos consumidores não só não são satisfeitas, como não são tidas em consideração.

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